Todo vinho tem marca. A marca da dedicação de um enólogo.
27 de Outubro de 2020
Em razão da extraordinária infelicidade do colunista Hélio Shwartsman, em coluna assinada por ele no Jornal Folha de São Paulo de segunda-feira na edição digital, dia 26 de outubro de 2020, e na versão impressa, dia 27 de outubro de 2020, a Associação Brasileira de Enologia, representando os enólogos do Brasil, vem a público demonstrar sua indignação e repúdio total a abordagem do colunista acima mencionado.
A Enologia é uma ciência composta por conhecimentos que vão da Entomologia, passando pela Fisiologia, Geologia, Botânica, Microbiologia, Climatologia, Viticultura, Química, entre outras, além de todos os conhecimentos de prática de elaboração. A elaboração de vinhos e espumantes começa no solo, na análise de clima, passa pela escolha das melhores variedades para cada terroir, leva anos para ser construída e solidificada e merece respeito, pois ainda se entrelaça com as práticas do artífice e com a paixão por uma cultura produtiva e de consumo secular, que se trama com a própria história das civilizações como as conhecemos.
Tratar de conhecimento e cultura de povos usando como base um fato curioso de engano de serviço do vinho e reunindo poucas pessoas como justificativa para desprestigiar uma ciência é inacreditável em uma publicação com o porte da Folha de São Paulo e sua história de construção social brasileira. Esta simplificação da realidade tão pouco condiz com as mínimas práticas jornalísticas desenvolvidas ao longo dos anos e defendidas, mesmo pela Folha, em seus muitos Manuais de Redação, que serviram de referência para o jornalismo brasileiro. A coluna também trata com o mais alto desdém, por consequência, as milhares de famílias e profissionais que diariamente atuam com afinco e amor em todo o setor vitivinícola do Brasil e do Mundo. Assim, a coluna ainda causa enorme desserviço às comunidades que da cultura do vinho e da sua ciência sobrevivem.
É imprescindível uma retratação pública sobre o assunto, devido a sua total irresponsabilidade pelo fato de ofender diretamente os enólogos do mundo e do Brasil, aqui representados pela ABE. Cabe destacar que hoje o Brasil vive um dos momentos mais importantes de sua história enológica, com repetidas safras de qualidade, crescimento de vendas de produtos e com uma de suas filhas, a enóloga Regina Vanderlinde, no mais alto posto da vitivinicultura mundial, a Presidência da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV).
Certos de que a Folha de São Paulo será coerente com sua linda história, os Enólogos do Brasil, em nome da vitivinicultura mundial, se colocam à disposição para dialogar e aprofundar o assunto, fazendo o que o vinho proporciona de melhor: unir pessoas.